Próxima Parada: Marte

Tantos aspectos a considerar, tantos desafios a vencer, se levados em conta, dificilmente seguiríamos com a exploração espacial por motivos estritamente racionais.

Descrevendo em detalhes as agruras e situações inusitadas do desenvolvimento da tecnologia espacial a autora destaca os impensados caminhos destes projetos.

Meio solto, meio descomposto, o texto distribui temas aqui e ali, parece não construir algo, apenas desejar curiosidades capturadas pela investigação de Mary.

Apesar do admissível viés curioso das informações, a relevância da leitura ainda não se revelou, inclusive com a captura de nossa atenção para tratar de assuntos inóspitos, como no considerável número de páginas às voltas com vômitos e suas vertentes.

Cheguei à página 97

Avaliação : 2

Linguagem e Responsabilidade - p.215

Legítimo privilégio, nada como poder testemunhar as explicações do pensador sobre suas teses e ideias, sempre contextualizadas no tempo e nas relações sociais, mesmo que tais declarações já comemorem quase 40 anos.

Devo confessar que as especificidades da área ficaram mal tocadas, pela pouca intimidade do leitor com o assunto, mas ainda assim possibilitaram um vislumbre da abrangência de sua obra, o alcance muito além da linguística.

O texto também permite acessar um pouco mais o ser humano por trás do ícone ilustre da ciência humana, suas respostas revelam bastante do seu jeito, do seu lidar com os interlocutores.

Reside justamente na ampla gama de olhares, no extenso transcorrer de assuntos, no cruzar de áreas do conhecimento, o valor das páginas visitadas, capazes de apontar direções e fomentar outras tantas discussões.

Cheguei ao final
Avaliação : 3

Linguagem e Responsabilidade

Acompanhar a entrevista de Chomsky, apesar de sua transcrição e retradução, soa como recebê-lo em casa, num papo informal, tamanha a sua clareza e acessibilidade, mesmo com a alta especialização dos interlocutores.

Sua posição política, criticamente ácida aos meios e regimes de sua nação, questiona sem radicalismos, com muita luz, muito acesso à informação e observações imperdíveis.

Em seguida, o foco muda para o lado sociológico da linguagem e a influência deste ângulo em seu pensamento, em suas ideias, ligações apresentadas com naturalidade e simplicidade.

Saltamos de lá para discussões filosóficas de seus conceitos, rica argumentação com mais um sem número de referências, prova de fogo para a atenção e estímulo único para o desenvolvimento de visões e reflexões.

Para encerrar o trecho percorrido, o embate entre empiricismo e racionalismo, além de seus derivados, com o claro posicionamento do pensador e a defesa de suas perspectivas, um fecho no percurso coerente, ainda que amplo, pelos tesouros de suas teorias e opiniões.

Depois de tanto humanismo, as próximas páginas anunciam uma abordagem mais específica, agora sobre sua "Gramática Gerativa", um mergulho profundo na linguagem humana. Que venham!

Cheguei à página 110
Avaliação : 3

Astronauta - Magnetar

Sensacional! A coincidência de deixar por último o primeiro volume foi um feliz acaso, pois encontramos o melhor exemplar da coleção, o conjunto mais envolvente e emocionante até agora.

Todos os elementos de uma legítima graphic novel compareceram, o grafismo, o enredo perfeito, a colorização, a ficção científica, tantas qualidades que fica difícil enumerar.

Sem dúvida o personagem colabora bastante com o sucesso, não à toa marcou forte presença nos MSPs, com significativa quantidade de histórias a usá-lo.

Por sinal, a homenagem não poupou nenhum elemento, a psicologia do Astronauta, sua biografia, seu dilemas, seus desafios, expressão intensa das inquietações humanas mais comuns, mesmo no mais distante espaço infinito.

Diversão em altas doses, resta-nos agora a expectativa pelo próximo título prometido, a envolver nosso herói, afinal superar a presente obra-prima será tarefa para poucos... Boa sorte!

Cheguei ao final
Avaliação : 5

O misterioso significado do dinheiro

Com o pretexto de pautar a narrativa, a autora insere sua biografia na narração, porém acaba se fiando apenas nesta tarefa, deixando o tema principal do título bem lá no fundo das intenções.

Talvez ela nem perceba plenamente, apesar de algumas confissões a respeito no final, mas além fugir da proposta, sinceramente nada há de relevante ou inédito em sua história.

Depois de páginas e páginas de amenidades, sem maior apelo ou chamado, nos momentos derradeiros deságua em citar ideias de outros autores e tenta criar alguma relação.

Seu diário revelado nada acrescenta, provável fruto de equívoco no batismo da obra ou mesmo de carência de orientação e objetividade na construção de suas linhas, uma verdadeira evidência da falta que faz um bom e rígido editor.

Cheguei ao final
Avaliação : 1

O Chamado do Cuco - p.447

Inegavelmente o livro possui o mérito da elegância e do esmero em sua construção, o desfecho de seus eventos costura milimetricamente cada pedaço apresentado pelo caminho.

O problema reside em se tratar apenas disso, um trajeto sem sal nem açúcar, somente cumpre seu papel de ser um bom texto, de divertir sem se destacar, mediante a concessão de algum empenho de leitura persistente.

Sua extensão talvez pudesse ser reduzida, afinal seu estofo não mostra densidade suficiente para sustentar seu volume, um pouco de objetividade nos fatos contribuiria para momentos mais apreciáveis de passatempo.

Enfim, o chamado do cuco soaria mais forte se surgisse em outras melodias, não se materializaria neste canto apático e um tanto monótono.

Cheguei ao final

Avaliação : 3

O Chamado do Cuco - p.356

Rodamos, rodamos e parecemos não chegar a lugar algum, quem sabe perdemos algo nas sutilezas das observações dos personagens, em suas impressões expressas nos diálogos.

Por sinal, nas últimas páginas os protagonistas parecem ávidos por revelar detalhes, no ápice para tecer conclusões, mas obtemos pouquíssimo de suas confissões.

É bem verdade que conhecemos bastante do universo de Lula, com informações bem pouco conciliatórias, um mosaico complicado de avaliar e procurar entender.

Só mesmo a relação de Strike e Robin evolui, ganha riqueza e se desenvolve, chega a por sob suspeita o real foco da trama, as verdadeiras intenções do autor na construção do enredo.

Cheguei à página 356
Avaliação : 3

O Chamado do Cuco - p.228

Tecnicamente bem trabalhado, fluído, de leitura agradável, mas continua sem nos entusiasmar, esperamos as páginas passar na esperança de alguma emoção para deslocar, tirar do eixo.

Talvez seja querer demais, nem mesmo a extensa investigação, a coleta incessante de evidências de Strike consegue gerar alguma turbulência.

Quem sabe assistimos à sutil e insuspeita construção de algo inusitado, daqueles eventos sabidos, mas não reconhecidos, porém pouco sugere tendências nesta direção.

O detetive, seu passado, a relação em formação com sua secretária têm chamado mais atenção do que os fios soltos da morte da modelo.

Cheguei à página 228
Avaliação : 3

Turma da Mônica – Laços

Bem composta, com enquadramento adequado na coleção, os elementos de destaque comparecem como nos outros títulos: prefácio do Maurício, releitura das personagens, criação de enredo de homenagem e diversão na leitura.

Cenas com ares oníricos, mistura interessante do traço de dois irmãos, a pequena aventura da Mônica e seus amigos se transforma em obra de arte, ganha lugar na estante para outras visitas.

Apesar de um texto não tão forte, os traços remetem a uma viagem emocional, aproveitam muito bem a biografia da turminha, tocam recordações e emoções pueris, afinal quem não tem os próprios laços com esse pessoalzinho.

Cheguei ao final
Avaliação : 3

O Chamado do Cuco

Bem escrito, mas na mesmo medida pouco empolgante até o momento, a trama se apresenta como uma tradicional história policial, com boa investigação sem muita ação.

Comportada na psicologia das personagens, ainda não encontramos nem sinal de conflito, de um ponto de virada, de um motor de propulsão para aguçar o interesse.

A ambientação traz um clima noir, bacana de ler, provoca ao menos a torcida por alguma surpresa futura, uma expectativa pelo surgimento de forças mais intensas capazes de sacudir a narrativa.

Ao menos parece que conhecemos os lados, as funções, os papéis, apesar de poderem representar somente artifícios de dissimulação, algo que ansiamos por definir brevemente, quem sabe em mais alguns capítulos.

Cheguei à página 107
Avaliação : 3

Superfreakonomics - p.288

Altruísmo e outras relações, sempre com o balanceamento de ganhos e perdas, continuam alvo das diversas e inusitadas avaliações dos autores, uma surpresa de perspectiva a cada abordagem.

Além da discussão comportamental, vale e diverte bastante tomar contato com os engenhosos e elaborados métodos para obtenção e validação dos dados, criatividade a plenos pulmões, sem tempo para fôlego.

Mais do que discorrer sobre economia, ou sobre seus mecanismos no cotidiano, assistimos à construção de vasta teoria do jeitão humano, ponderado em valores monetários ou não, ou seja, o âmago das ciências econômicas se apoia nos pesos de nossa psique.

No último capítulo, fatos interessantíssimos sobre aquecimento global e primatas, sensatamente coerentes com o conjunto do livro e com bem-humorada conclusão imperdível, para guardar e mastigar mais um pouco.

A experiência do outro livro não ofuscou o brilho da leitura do exemplar em questão, principalmente por sua consistência e arranjo sensivelmente aprimorados, garantia de horas de satisfação de curiosidades e aguçamento de ideias.

Cheguei ao final
Avaliação : 5

Superfreakonomics

Com o mesmo tom do outro livro, em introdução na mesma linha de discussão, adentramos novamente no mundo das análises econômicas dos fatos triviais (ou nem tanto) do cotidiano.

Ímpeto semelhante, curiosidade e questionamento aguçados como antes, parece que apenas continuamos a virar as páginas desde o contato anterior.

Os primeiros temas chegaram ásperos, envolvem prostituição e até transexualidade, mais para discutir sobre sexismo e suas consequência, além de ilustrar outros vieses do comportamento humano.

Em seguida, assuntos mais voltados à saúde, mas que deságuam na violência urbana, exposição de inconsistências e equívocos nas avaliações dos fatos frequentemente noticiados.

As trilhas têm esse jeitão, um conjunto de levantamentos, especulações e teorias a princípio meio desconexos, mas sempre com um cerne de nossa psicologia a compartilhar, a permitir agrupá-las em capítulos para seu estudo.

Cheguei à página 118
Avaliação : 4

Comédias Brasileiras de Verão

Impagável e imperdível, cenas no estilo inconfundível de Veríssimo retratam momentos cotidianos com um olhar sagaz e revelador, para bons entendedores e para quem quer descontração inteligente.

O conjunto de crônicas do livro destila o melhor do jeito mais humano de ser, uma perspectiva de poucos perspicazes observadores, o bem-humorado viés de não se levar a sério.

Sua melhor especialidade, o mano a mano, a relação a dois, rende as melhores esquetes, as mais inesquecíveis e mais tocantes, impossível não se identificar em ou outro recanto dos perfis construídos.

Frequentemente surreal, na extrapolação ressalta o mais comum nos relacionamentos, o mais óbvio e despercebido traço do homo sapiens, capaz de desfranzir o mais sisudo cenho.

Exemplar excelente da obra deste grande autor, o leitor nem precisa fazer fileira com os fãs para se deleitar e aproveitar ao máximo a companhia do simpático senhor gaúcho e suas marcantes linhas.

Cheguei ao final
Avaliação : 5

Chico Bento - Pavor Espaciar

A recepção por Maurício de Sousa, com seu prefácio, a cada volume da série, por si, já confere valor especial na apreciação destas obras de arte.

Neste exemplar, apesar da técnica perfeita do desenho não destacar algo único, as expressões construídas e o jogo de cenas nos envolvem num thriller de aventura de outro mundo, emocionante e bem sacado até o último quadrinho.

Poucas palavras e muita ação provam o quanto se faz possível o diálogo e a expressão mesmo na escassez de letras e parágrafos, quão grande pode ser o poder da imagem.

O contraponto do mundo rural do Chico com as possíveis civilizações ameaçadoras avançadíssimas compõe o grande trunfo da homenagem, da releitura, daquela criação do mestre quadrinista brasileiro.

Cheguei ao final
Avaliação : 4

A secreta magia do caminho - p.414

Embate religioso e busca metafísica sequestraram o foco da trama, subjugaram ao segundo plano o desafio de solucionar o conflito principal da trama, provocaram a perda de viço do enredo.

Percebemos também a ênfase política, social e ideológica de certas discussões, sem grande relevância, em lugares comuns pouco convincentes, carentes de maiores revelações.

Ao final, o desfecho da busca primeira do protagonista aconteceu morno, desejando seu ornar místico, enquanto se materializava bem sem graça, meio corriqueiro, com a magia meio abalada.

Apesar do entusiasmo proporcionado pelos passos iniciais do livro, em algum lugar do meio do caminho o autor se deixou levar por outros ares, se perdeu e esvaziou a maravilha cintilante que se avistava no horizonte.

Sua maestria na escrita e no poetizar as palavras acabou insuficiente para sustentar o tênue sopro da descrição do cotidiano, do pintar o encantamento da simplicidade da vida.

Chegamos ao final
Avaliação : 3

A secreta magia do caminho - p.286

A insustentável leveza do ser continua presente, fluindo nas cenas que os olhos insistem em percorrer e o autor esmeradamente construiu para apreciarmos.

Repentinamente, uma virada dramática traz outros contornos ao cotidiano de Samuel, o foco e os horizontes se transformam, outras angústias ganham lugar e roubam o sossego.

Por todo caminho, religiões e crenças presentes, a temperar questionamentos, mas sem fundamentalismos, em debate sincero e frontal num jogo harmônico e edificante, com importante contribuição para a narrativa.

Umas ou duas cenas discretas, pretendendo dissimulação, entregam a possível resolução do mistério, deixam escapar as respostas à incansável busca investigativa.

Tão verossímil, a trama parece retirada de fatos reais, no mínimo baseada em algum caso concreto, não fosse a certeza de o dia a dia condenar muitos Jocas por aí, nas esquinas de nossas cidades, nos trajetos de tantas labutas.

Cheguei à página 286
Avaliação : 3

A secreta magia do caminho

Prosa poética, magia a cada linha, encontramos em cada virada de página um encanto com algo desconhecido, algo nas entrelinhas, um texto com certo sorrisinho nos lábios.

Leveza que se reflete na leitura, envolve e conduz, nas suas cenas de simplicidade, do cotidiano, da vida em sua plena naturalidade.



Tão naturais, tão verdadeiras, as personagens transbordam consistência na concepção, com a intensa inconsistência humana, repletas de dúvidas e conflitos, expressas com visível verossimilhança.

Entre diálogos internos, reflexivos, e conversas interativas e corriqueiras, assistimos o transcorrer da vida, sem grandes expectativas, mas admirável transparência e plausibilidade, embebidos de sua energia vital.

Difícil definir o motivo da atração, tênue e primal, porém provoca a curiosidade e o desejo pela continuação e o acompanhamento dos desenrolares das vidas de Sam e amigos.

Cheguei à página 139
Avaliação : 4

Piteco - Ingá

Obra de arte e homenagem impecável, o autor captura o espírito das histórias de Lem numa releitura adulta e repleta de referências, tributo honroso ao mestre Maurício.

Como graphic novel, impossível não apreciar o trabalho de pintura em aquarela, linguagem forte e admirável na composição do enredo, sem falar na inspiração nostálgica, mesmo sendo moderna, em época de mídias tão digitais.

Além disso tudo, se somam um bonito prefácio do homenageado e algumas páginas de extras ao final, para deixar o recheio memorável e imperdível.

Agora falta procurar os outros títulos da série, na expectativa de mais emoções e diversão...

Cheguei ao final
Avaliação : 5